terça-feira, 10 de agosto de 2010

Eu, psicóloga?

Não, sou mãe em tempo integral. Foi essa a resposta que eu dei a um pai, amigo meu, depois de quase duas horas de conversa sobre nossas filhas.

Mas mesmo não sendo psicóloga (e deixo claro que eu tenho quase um pavor dessa profissão), me dei o "luxo" em analisar uma "família" moderna em um jantar.

Levei minha filha pra jantar, e lá pelas tantas, essa "família" me chamou atenção. Bem, a família era constituída de mãe e filho. Ele já adolescente. Chegaram os dois, e ela estava falando no celular. A mãe pediu um momento no celular e fez o pedido, logo depois voltou ao celular. O filho, numa espécie de compreensão tácita, pediu então o que queria. Foram os dois andando até achar uma mesa. Sentaram-se. Ela no telefone, ele calado. Passaram-se uns 15 minutos assim, sendo que nesse tempo ele só falou quando foi pra atender o seu próprio celular. Duas pessoas na mesa, as duas ocupadas nas suas ligações.
Para o meu alívio, ela finalmente desligou o celular e se dirigiu ao filho: "Olha a minha bolsa". E saiu. Foi ao banheiro. Pensei comigo, "tá, quando ela voltar, ela vai conversar com o filho dela, aposto que vai comentar o que tanto falava no telefone, ou sei la..". Me enganei, ela se dirigiu ao filho novamente: vamos mudar de mesa, dessa outra dá pra ver o jornal. Ele novamente em seu silêncio a seguiu até a outra mesa. Sentaram-se lado a lado e ambos ficaram assistindo o Jornal Nacional. Em horas diferentes ambos paravam o olhar em alguma coisa que não era a TV, mas aquele silêncio parecia desconfortável apenas pra mim!
A senha apitou, era o lanche deles! Ufa! -Pensei comigo, agora eles vão comer e ela vai perguntar como foi o dia dele e tal... Engano meu, novamente. Ela lhe deu um sorriso, e ele compreendeu: foi buscar o lanche. Sentou em seu lugar e começaram a comer. Enfim ela falou com ele: "Segura meu sanduíche". Ela precisava abrir o sachê de molho.
E num ataque quase cardíaco, nessa hora eu pensei "Porra, solta essa porcaria de sanduíche na bandeja e pare de pedir coisas ao seu filho. Não tente diminuir a distância entre vocês com esses pedidos imbecis, pergunte como foi o dia dele, a escola, conte alguma novidade, ou comente alguma notícia. Qualquer coisa que o faça falar." Mas não falei nada. O que eu tenho a ver com aqueles dois? Nada, eu sei. Mas é claro que existe um problema ali naquela relação que é muito mais comum que se possa imaginar.
Só sei que eu, ali com a minha filha de 2 anos e meio, conversei e a ouvi muito mais do que a outra mãe. E agora eu pude ilustrar bem o que é "tempo com qualidade" com nossos filhos. Nós duas levamos nossos filhos pra jantar fora, mas será que as duas estavam com eles lá?

Um comentário:

  1. Jah tah bom de contar mais alguma coisa, nao? hihi
    Cansei de vir aqui e não ter mudado nada! unf!

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