Não, sou mãe em tempo integral. Foi essa a resposta que eu dei a um pai, amigo meu, depois de quase duas horas de conversa sobre nossas filhas.
Mas mesmo não sendo psicóloga (e deixo claro que eu tenho quase um pavor dessa profissão), me dei o "luxo" em analisar uma "família" moderna em um jantar.
Levei minha filha pra jantar, e lá pelas tantas, essa "família" me chamou atenção. Bem, a família era constituída de mãe e filho. Ele já adolescente. Chegaram os dois, e ela estava falando no celular. A mãe pediu um momento no celular e fez o pedido, logo depois voltou ao celular. O filho, numa espécie de compreensão tácita, pediu então o que queria. Foram os dois andando até achar uma mesa. Sentaram-se. Ela no telefone, ele calado. Passaram-se uns 15 minutos assim, sendo que nesse tempo ele só falou quando foi pra atender o seu próprio celular. Duas pessoas na mesa, as duas ocupadas nas suas ligações.
Para o meu alívio, ela finalmente desligou o celular e se dirigiu ao filho: "Olha a minha bolsa". E saiu. Foi ao banheiro. Pensei comigo, "tá, quando ela voltar, ela vai conversar com o filho dela, aposto que vai comentar o que tanto falava no telefone, ou sei la..". Me enganei, ela se dirigiu ao filho novamente: vamos mudar de mesa, dessa outra dá pra ver o jornal. Ele novamente em seu silêncio a seguiu até a outra mesa. Sentaram-se lado a lado e ambos ficaram assistindo o Jornal Nacional. Em horas diferentes ambos paravam o olhar em alguma coisa que não era a TV, mas aquele silêncio parecia desconfortável apenas pra mim!
A senha apitou, era o lanche deles! Ufa! -Pensei comigo, agora eles vão comer e ela vai perguntar como foi o dia dele e tal... Engano meu, novamente. Ela lhe deu um sorriso, e ele compreendeu: foi buscar o lanche. Sentou em seu lugar e começaram a comer. Enfim ela falou com ele: "Segura meu sanduíche". Ela precisava abrir o sachê de molho.
E num ataque quase cardíaco, nessa hora eu pensei "Porra, solta essa porcaria de sanduíche na bandeja e pare de pedir coisas ao seu filho. Não tente diminuir a distância entre vocês com esses pedidos imbecis, pergunte como foi o dia dele, a escola, conte alguma novidade, ou comente alguma notícia. Qualquer coisa que o faça falar." Mas não falei nada. O que eu tenho a ver com aqueles dois? Nada, eu sei. Mas é claro que existe um problema ali naquela relação que é muito mais comum que se possa imaginar.
Só sei que eu, ali com a minha filha de 2 anos e meio, conversei e a ouvi muito mais do que a outra mãe. E agora eu pude ilustrar bem o que é "tempo com qualidade" com nossos filhos. Nós duas levamos nossos filhos pra jantar fora, mas será que as duas estavam com eles lá?
Jah tah bom de contar mais alguma coisa, nao? hihi
ResponderExcluirCansei de vir aqui e não ter mudado nada! unf!